Somos o que fazemos, nossas obras, nossos espelhos.
Uma vez escrevi essa frase do título no meu caderno de anotações que é tipo um diário, mas não um diário como aqueles de escrever todos os dias e começar assim:"Querido diário, hoje...bla bla bla...", mas para eu poder me analisar e me conhecer melhor.
Venho pensado muito sobre minhas "obras", o que tenho feito, como tenho agido, o que tenho aprendido e, o principal, como andam meus sentimentos...
Não sei dizer se sou louco, se sou normal (afinal, o que é ser normal? ta aí algo que não faço idéia...), e conclui uma coisa, que nada se deve calcular com muita antecedência, e que nada se deve fazer sem um pouco de prudência.
Voltei para o Brasil tem um ano exato, e o que eu cresci neste período não está escrito. Consegui um emprego onde tem muitas pessoas valiosas, aprendi a me doar pelo local que trabalho independente do salário, a escutar e ouvir críticas sem reclamar, sobre estratégia de movimentos e relocações em trabalho. Também perdi minha avó neste período, uma pessoa que não existe valor que se possa colocar à ela, uma pessoa que amei e ainda amo sem restrições, uma das únicas pessoas capazes de me fazer me sentir uma criancinha injênua e fragil, que conseguia me trazer a tona quando estava me afogando nos piores pensamentos e sentimentos. Conheci pessoas novas, que me ajudam a compreender muito mais sobre a vida, elas nem imaginam o quanto elas são especiais para mim...
Vi uma nova realidade que vivo hoje e batalho para melhorar e sair desta condição.
Minhas obras estão, não na forma física própriamente dita, mas dentro de cada uma das pessoas a quem me dedico; no meu trabalho; no meu estudo e nos meus textos.
Não espero construir um castelo na areia, nem sobre um lago congelado, espero construir algo sobre um chão firme e sólido, com caráter e honradez. Quero buscar sempre o melhor de mim para me dedicar a todos que amo, que gosto, que prezo e até mesmo para àqueles que não me desejam por perto.
Posso estar sendo prepotente ou utópico falando isso, mas meus desejos são esses.
Outro dia um mendigo me pediu um cigarro e, como eu tinha um maço reserva, dei dois. Ele veio em minha direção com os braços abertos, algo que de início me assustou, mas entendi que ele apenas estava agradecendo feliz por um pequeno gesto que fiz, e deu-me um beijo em meu rosto.
Tive vergonha de mim ao mesmo tempo que fiquei feliz. Vergonha por ter tido preconceito de deixar aquele homem, ou seja um semelhante, me abraçar e me dar um beijo, porém feliz por ter proporcionado à ele tal felicidade e alegria.
Com este pequeno momento percebi que devo crescer ainda muito mais, para que estas pequenas situações não me fetem mais.
Mendigos moram nas ruas, albergues, sob a ponte ou sob seus carrinhos de catar papelão, porém são como nós, seres humanos lutando por um espaço, pelo reconhecimento de sua existência.
Não tenho preconceito sobre homossexuais, sobre portadores de deficiencias ou doenças graves, mas tive preconceito sobre um simples homem sujo, que nem cheirava mal nem à bebida, apenas pela aparencia dele...e pensar que quando eu era pequeno sentei no colo de um mendigo bêbado e dividi minha pipoca com ele, dava pipoca na boca dele com minha próprias mãos...
Vejo agora que devo aprender cada vez mais para me tornar uma pessoa cada vez melhor, devo voltar a ter àquela criança dentro de mim, que não separava pessoas de pessoas...
estou envergonhado de mim, e prometo melhorar a cada dia que eu viver.
abraços
3 Comments:
como sempre super profundo neh edu...
se vc se sentiu envergonhado, imagina eu entao q tenho preconceito com mtas coisas...preciso lutar pra mudar isso em mim!
Bom...vc ja deu o primeiro gde passo neh, q eh reconhecer..agora basta vc se esforçar pra melhorar isso..
te adoro edu, conte sempre comigo!
bjaoooo!
não sei se eu devo ficar orgulhosa ou preocupada contigo... normalmente essas mudanças enobrecem as pessoas, mas elas reagem das mais variadas formas qndo começam o processo... e nessas, dão uma olhada nos seus conceitos e descartam um monte de coisas que não são mais necessárias... Não sei se você está pegando minha idéia, mas às vezes, eu tenho medo de essas mudanças me afastarem das pessoas... Porque se elas repararem o pouco que eu tenho pra ensinar, vão procurar quem tenha mais... É complicado, mas é simples ao mesmo tempo... Quando elas terminam de aprender, vão embora....... E aí eu fico com a saudade :S
Que complexo...
Enfim, muuuuuito bom o texto, como sempre! Beijo!
Edu .. que texto maravilhoso .. Mostra bem a sensibilidade que existe dentro de vc, e mais ainda dentro de quem lê. Acredito que a vida é isso: Mudanças. Estamos a todo tempo mudando e aprendendo a ser melhor, e quanto mais aprendemos mais descobrimos q temos muito que aprender ainda... Não é ironico?! hehe ..
Maravilhoso seu texto! .. Um beijão bem grande
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